Escolha ou influência?

Meninos gostam de caminhões, meninas, de bonecas. Meninos curtem azul e meninas, rosa. Em alguns casos (não todos!) isso é verdadeiro. Mas será que esse comportamento é natural ou tem um dedo dos adultos?

De acordo com dois estudos recentes, a segunda hipótese é mais provável: as crianças até têm suas preferências, mas boa parte delas é estimulada ou até determinada pelos mais velhos.

Em uma das pesquisas, realizada na Universidade Estadual da Dakota do Norte (EUA), meninos de 12 meses preferiram caminhões em vez de bonecas. Já as meninas da mesma idade não mostraram maior interesse por nenhum dos dois.

Em seguida, os pais foram convidados a brincar com os filhos. Os pesquisadores notaram que as preferências dos pequenos estão associadas ao número e ao tipo de brinquedo oferecido pelos adultos.

Outro experimento feito em Hong Kong (China) com 129 crianças de 5 a 7 anos focou nas cores. Os cientistas ofereceram jogos de cor amarela e verde, teoricamente neutras, e disseram a um grupo de participantes que amarelo é cor de menina e verde, de menino.

Para outro grupo, nada foi dito. No final, constatou-se que as escolhas das crianças foram influenciadas pela informação dos pesquisadores. “Na infância, as crianças estão se constituindo psiquicamente.

Antes mesmo de falar, elas aprendem com os adultos por sinais não verbais (gestos e reações) e buscam aprovação. Mais tarde, vão aparecendo as preferências individuais, mas, no começo, a influência dos adultos é um filtro importante”, diz a psicóloga Vera Zimmermann, coordenadora do programa Bebês com Sinais de Risco em Saúde Mental, do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

https://revistacrescer.globo.com | Seção: #PORDENTRO – INSPIRAÇÃO

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Dra. Vera Blondina Zimmermann
Dra. em Psicologia Clínica - PUC-SP, Professora afiliada do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo, Coordenadora do Núcleo Bebês com Sinais de Risco em Saúde Mental no mesmo departamento. Membro do Departamento de Psicanálise do Instituto SEDES SAPIENTIAE onde coordena o curso Clínica Interdisciplinar da Primeira infância.

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